terça-feira, 28 de novembro de 2017

Estatuetas de Bronze, II

Mulher a dançar, Grécia, ca. III-II a.C., The Metropolitan Museum of Art, New York

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Estatuetas de bronze, I

Estatueta de jovem caído, Grécia, ca. 480 b.C. J. Paul Getty Museum, Los Angeles. 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Descer à terra

Caravaggio, Annunciazione, 1608 (pormenor).

βῆ δὲ κατ᾽ Οὐλύμποιο καρήνων χωόμενος κῆρ,
τόξ᾽ ὤμοισιν ἔχων ἀμφηρεφέα τε φαρέτρην:
ἔκλαγξαν δ᾽ ἄρ᾽ ὀϊστοὶ ἐπ᾽ ὤμων χωομένοιο,
αὐτοῦ κινηθέντος: ὃ δ᾽ ἤϊε νυκτὶ ἐοικώς.
ἕζετ᾽ ἔπειτ᾽ ἀπάνευθε νεῶν, μετὰ δ᾽ ἰὸν ἕηκε:
δεινὴ δὲ κλαγγὴ γένετ᾽ ἀργυρέοιο βιοῖο:
οὐρῆας μὲν πρῶτον ἐπῴχετο καὶ κύνας ἀργούς,
αὐτὰρ ἔπειτ᾽ αὐτοῖσι βέλος ἐχεπευκὲς ἐφιεὶς
βάλλ᾽: αἰεὶ δὲ πυραὶ νεκύων καίοντο θαμειαί.


Down he strode from Olympus' peaks, storming at heart
with his bow and hooded quiver slung across his shoulders.
The arrows clanged at his back as the god quaked with rage,
the god himself on the march and down he came like night.
Over against the ships he dropped to a knee, let fly a shaft
and a terrifying clash rang out from the great silver bow.
First he went for the mules and circling dogs but then,
launching a piercing shaft at the men themselves,
he cut them down in droves—
and the corpse‑fires burned on, night and day, no end in sight.


Homero, Il. 1.44 f., Robert Faggles (trad.)

Gabriel descend
as a mood almost
a monody
of chloroform
or florists roses
consensual angel spinning his words
thread
he descends
and light
sensitive darkness
follows him down

Geoffrey Hill, de Psalms of Assize

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Alguns machados

'...always your heart is like the unwearying axe blade/ struck through a beam by some craftsman who uses his skill/ to shape a ship's timber, and it adds force to his own effort...'

Ilíada, Homero, 3. 60f., Peter Green (trad.)


'A book must be the axe for the frozen sea inside us'

Kafka, Carta Oskar Pollak, 1904

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Visto daqui


Pensei há tempos em tentar fazer uma colagem que expressasse algum aspecto da minha vida na Inglaterra pós-Brexit. A confusão geral reina, a abada dos tories nunca aconteceu, o Jeremy Corbyn (alguém francamente decente em qualquer dos casos) recuperou uma aura de respeitabilidade que garante com maior ou menor eficácia que os Conservatives tão depressa não tentam outra eleição. O verão decorre a uma temperatura de inverno. Uma pessoa percorre o triângulo entre uma ou duas livrarias de casaco north face abotoado até meio dos olhos  e topa com livros do BoJo em secções respeitáveis, versando os ditos livros sobre assuntos que convidam reflexões mais ou menos freudianas - seria o mesmo que ter o Santana Lopes a escrever livros sobre o império romano.


Entretanto alguém despacha a tal colagem, que é aquela que se vê ali acima. Arriscaria ainda o palpite de que esta colagem vai bem com esta série de tweets do James Chapman, que será apelidado de remoaner e scaremonger.  A maior parte das perguntas que ele coloca, no que parece ter sido um momento que aconteceu algures entre o estar lixado da vida e o colapso nervoso, deviam ser óbvias mas continuam sem ser debatidas.

Inglaterra é um país verde e frio durante o verão, uma pessoa senta-se num banco de jardim posto num cemitério a comer a sandes do almoço e a ouvir o Morrissey cantar sobre as escolas de Manchester. Se tudo falhar, há-de sempre haver aquele clip do Oscar Isaac no Inside Lewyn Davis, a cantar o The death of queen Jane, que inclui aqueles versos: If I lose the flower of England, I shall lose the branch too.  


sábado, 5 de agosto de 2017

Um excerto de James Salter, A Sport and a Pastime


Autun, still as a churchyard. Tile roofs, dark with moss. The amphitheatre. The great, central square: the Champ de Mars. Now, in the blue of autumn, it reappears, this old town, provincial autumn that touches the bone. The summer has ended. The garden withers. The mornings become chill. I am thirty, I am thirty-four - the years turn dry as leaves.

James Salter, A Sport and a Pastime, Picador, p. 7

sábado, 8 de julho de 2017

Os comboios deste país, que não está preparado para responder ao calor, circulam sem ar condicionado ou, pior, com o aquecimento ligado. Ao fim do dia, no calor da tarde, os homens com os cartões dos seus locais de trabalho ainda pendurados aos pescoços, livram-se mecanicamente de blazers e gravatas, quando segundos antes, nas plataformas por onde corria uma aragem, permaneciam imóveis e distraidamente profissionais, a aura do dia de trabalho ainda estampada nos rostos. Agora lembram aquela canção de Tom Waits: the downtown trains are full with all those Brooklyn girls. They try so hard to break out of their little worlds.